Oi pra você ai do outro lado!
Hoje eu vim contar sobre a minha experiência de leitura com Pegas de Supresa, um livro sáfico YA escrito pela Adiba Jaigirdar, publicado pela Darkside Books com tradução de Dandara Palankof.
Em Pegas de Supresa vamos conhecer a Nishat, uma garota Bengalí - Irlandesa que mora em Dublin com seus pais e sua irmã mais nova. Pelo fato ser uma pessoa não branca, Nishat sofre racismo na escola por conta de sua cultura, tanto que espalharam um boato de que a comida do restaurante do pai dela causava diarreia nas pessoas, apenas porque ele faz comidas tipicas do sul-asiático.
Em sua escola, na aula de administração, a professora propõe um concurso de negócios, cada grupo deve pensar em uma ideia de negócio e o grupo que se sair melhor na competição ganhará um prêmio. Nishat logo pensa em abrir seu próprio ateliê de Henna, uma coisa que ela ama fazer e que faz parte de sua cultura. Mas as coisas ficam bem ruins quando Flávia, sua crush, resolve que também vai fazer seu próprio ateliê de Henna. O Problema é que Flávia é Brasileira - Irlandesa, ou seja, na cultura dela não existe isso de Henna e mesmo assim ela se apropria daquilo alegando ser somente uma expressão artística.
Mas acalma que não é só isso, além disso, Nishat resolveu se assumir lésbica para seus pais e a recepção não foi das melhores, os pais estão sem falar com ela e estão tratando ela com um “gelo”. Só coisa boa na vida da Nishat, né?
“Gente branca gosta de pensar que raça é algo cuja profundidade se resume apenas a acor da nossa pele. Talvez porque a cor da pele delas traga tantas vantagens.”
Quando eu peguei esse livro eu já imaginava algo grandioso porque ele foi muito elogiado na gringa e realmente é um livro ótimo. Os debates que o livro traz sobre racismo e apropriação cultural são muito bem descritos, quase que didáticos para que pessoas brancas consigam entender todas as problemáticas envolvidas. A Flávia também tem uma questão bem importante que é sexualização dela, só porque ela é brasileira as pessoas acham que ela é só carnaval-cerveja-e-pegação, e como brasileira eu posso afirmar que isso é bem real, as pessoas dos outros países enxergam a gente de uma forma bem ruim. O racismo vivido pelas duas protagonistas do livro é bastante real
Um ponto bem legal é a forma como a sexualidade da Nishat é abordada, por conta de sua cultura ser lésbica é algo que causa vergonha e ver como ela lida com isso é bastante impressionante. Mesmo que ela não seja tão popular como a Flávia, ela mantém sua ideia do ateliê de henna e persiste até o fim naquilo que acredita, mesmo com várias pessoas tentando sabotar ela.
O livro é bem divertido e a leitura é bastante fluida, vale a pena se aventurar por esse livro cheio de representatividade.
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